Rede Calábria promove o 1° Encontro do Voluntariado em 2023

“Cuidar de si, é cuidar do outro”

Como colaboradores calabrianos, somos chamados a cuidar da vida. E são muitas as vidas que nos são confiadas. Sejam elas, crianças, jovens, adultos e idosos. Em cada gesto, em cada ação realizada durante o nosso cotidiano na Obra, existe sempre uma intenção, baseada no cuidado afetuoso integral, capaz de modificar vidas e corações, já muitas vezes maltratados. Nesse sentido, percebemos que nossas ações, tem alcance de eternidade na vida das pessoas: que grande responsabilidade a nossa! Mas como cuidar, amar, tocar vidas, com esta intenção tão profunda e necessária?

Na dimensão intelectual: O Padre Calábria, em suas palavras tão puras e verdadeiras, baseadas na sua experiência mística e humana, nos diz claramente que devemos ser “Reservatórios e canais”. Ou seja, não é possível oferecer ao outro algo que não possuímos. Como cuidar do outro, para que ele também aprenda que o cuidado é um direito, um dom, se não vivemos isto em nós mesmos? Se não sabemos exatamente o que é cuidar? Quando não vivemos este cuidado em nossa própria vida? Diante da correria do dia-a-dia e de tantas preocupações, aceleramos nosso pensar e nosso agir, podendo nos fazer perdermos a essência do cuidado, e tristemente passarmos a vivermos e agirmos de forma mecânica e automática.

Para compreender este cuidar, é preciso conhecer o que vai ser cuidado. Nos conhecermos como pessoas, pois somos cuidadores de vidas humanas, este é o nosso objeto de cuidado. Não somos responsáveis por máquinas, mas por pessoas. Somos pessoas, cuidando de pessoas, feitas de corpo, mente, sentimentos, emoções, sentido/espiritualidade. Somos seres com diversas dimensões que nos compõem, somos um todo. E como falar de cuidados, como exercer o cuidado olhando apenas para uma dimensão? Impossível, estaríamos sendo negligentes conosco e com a vida do outro, pois só posso realmente oferecer aquilo que possuo, só posso enxergar no outro, com maior clareza e amorosidade, aquilo que vejo em mim, só posso cuidar, quando sou capaz de me cuidar. Então, como cuido de mim em todas as dimensões que me constituem?

Na dimensão física:

Você tem se alimentado de modo saudável e consciente? Tem escolhido oferecer ao seu corpo alimentos nutritivos, que te ajudarão no bem-estar físico e mental? Tem ingerido água suficientemente? E como está a qualidade do seu sono? Você sabia que o mal dormir pode influenciar, inclusive na sua imunidade? No seu humor? E quanto a atividades físicas? Um corpo saudável é aquele que se movimenta, se alonga, se fortalece. Como você tem cuidado deste corpo? Este “lar” que te foi concedido como milagre da vida?

Na dimensão intelectual:

Como você cultiva a capacidade de aprender? Quando foi que leu um livro pela última vez? Você procura estudar? Aprender coisas novas? Uma mente saudável é aquela que mantém viva a curiosidade, o senso crítico, o espírito de investigação e criatividade. Como você faz para não cair na armadilha de acreditar que ter muita informação é o mesmo que ter conhecimento?

Na dimensão Emocional/Relacional:

O autocuidado não é um processo solitário, mas integrador. Pois envolve saber reconhecer e expressar nossas emoções. Está ligado a como me relaciono comigo mesmo e com as pessoas, como íntegro e compreendo tudo o que sinto e vivo, sejam bons momentos ou situações mais difíceis e dolorosas. Ter um autocuidado dentro deste aspecto é ter atenção aos seus sentimentos e as suas relações, desenvolvendo hábitos da gratidão, do perdão, do diálogo, do lazer, da convivência, buscando conectar-se com pessoas saudáveis e amorosas. É a dimensão que nos convida a crescermos integrados conosco e com o outro.

Na dimensão Espiritual:

A espiritualidade não está ligada apenas à prática de uma religião. Mas podemos entendê-la como aquela dimensão que impele o ser humano a buscar um significado para a vida, com compreensões que vão para além do concreto e tangível, mas que busca conexão com algo maior do que a si mesmo. É aquela “sede” de transcendência, que faz com nos perguntemos sobre o que a vida espera de nós, mais do que aquilo que esperamos da vida. Percebendo que há um sentido maior para o que se vive. Que atitudes você tem para desenvolver sua espiritualidade? Quais são os meios que você usa e que te fazem sentir-se parte de um grande todo? Você dedica tempo para meditar? Procura momentos e espaços para respirar e conectar-se consigo, com a natureza, com o universo? Se você cuida desta dimensão espiritual, estará alimentando a sede que sua alma tem de infinito, de amor e de sentido.

Ligiara Barbosa Neves – Ex-colaboradora Calabriana, Psicóloga – Três Coroas/RS